Recrie-se: Dia dos Namorados: Um Olhar Sistêmico Sobre o Amor e as Conexões que nos Formam

Dia dos Namorados: Um Olhar Sistêmico Sobre o Amor e as Conexões que nos Formam

Chega o mês de junho e, com ele, uma atmosfera de romance toma conta do ar. Corações, flores e jantares à luz de velas dominam as vitrines e as conversas. O Dia dos Namorados nos convida a celebrar o amor romântico, a união entre duas pessoas. Mas, sob a ótica do pensamento sistêmico, o que realmente estamos celebrando? O que constitui o amor que floresce em um casal?

A resposta é muito mais ampla e profunda do que imaginamos. Um relacionamento a dois nunca é apenas sobre "nós". É o encontro de dois universos inteiros, dois sistemas familiares complexos que se entrelaçam, com suas histórias, lealdades, dores e forças.

Neste Dia dos Namorados, proponho um brinde não apenas ao seu parceiro ou parceira, mas a tudo o que tornou esse encontro possível.

1. O Amor Começa na Origem: Tomando os Pais

Na visão sistêmica, nossa capacidade de nos relacionarmos de forma saudável na vida adulta está diretamente ligada à nossa primeira e mais fundamental relação: a que temos com nossos pais. Foi através deles que a vida chegou até nós. A forma como "tomamos" nossos pais ou seja, como os aceitamos em nossos corações, com suas perfeições e imperfeições, sem julgamento molda a nossa postura perante a vida e o amor.

Quando estamos em paz com nossa origem, conseguimos nos entregar a um parceiro de forma mais inteira e adulta. Se, por outro lado, carregamos mágoas, críticas ou um desejo de "salvar" nossos pais, é provável que projetemos essas dinâmicas em nosso relacionamento, buscando no parceiro o que nos faltou na infância. O amor adulto floresce quando deixamos de ser filhos carentes e nos tornamos parceiros por inteiro.

2. O Equilíbrio Essencial: A Dança do Dar e Receber

Um dos pilares de um relacionamento saudável, segundo as Ordens do Amor de Bert Hellinger, é o equilíbrio entre o dar e o receber. Em uma parceria de iguais, essa troca precisa ser constante. Quando um dá e o outro apenas recebe, cria-se um desequilíbrio que, com o tempo, sobrecarrega a relação.

O que dá em excesso pode se sentir superior ou exausto. O que apenas recebe pode se sentir em dívida, diminuído e infantilizado. O amor cresce quando a troca é fluida: um oferece algo bom, e o outro, por gratidão, retribui com um pouco mais de amor. É essa dança que nutre a conexão e mantém a chama da admiração mútua acesa.

3. Honrando o Passado para Viver o Presente

Cada pessoa que chega a um relacionamento traz consigo uma bagagem, incluindo relacionamentos anteriores. A visão sistêmica nos ensina que tudo o que foi, tem o direito de pertencer. Excluir ou falar mal de um ex-parceiro é como tentar apagar uma parte da história do seu amor atual. Aquela relação anterior foi importante, ensinou lições e abriu caminho para que a pessoa se tornasse quem ela é hoje.

Quando honramos o lugar dos parceiros anteriores (nossos e do nosso companheiro), liberamos o presente para ser vivido em sua plenitude. Reconhecer o passado com respeito, sem se prender a ele, permite que o novo amor tenha força e um lugar seguro para crescer.

4. Lealdades Invisíveis: O que Repetimos sem Saber?

Muitas vezes, sem perceber, somos leais a padrões de nosso sistema familiar. Repetimos destinos de avós, tios ou até mesmo de nossos pais por um amor cego e inconsciente. Podemos, por exemplo, boicotar nossa felicidade no amor por lealdade a uma mãe que foi infeliz, ou repetir padrões de dificuldade financeira que marcaram nossa família.

Olhar para essas lealdades invisíveis é um ato de coragem e de amor. Ao tomar consciência desses padrões, ganhamos a liberdade de fazer diferente, honrando nossos antepassados, mas escolhendo um destino mais leve e próspero para nós e para o nosso relacionamento.

Celebrando o Amor Real

Neste Dia dos Namorados, que a sua celebração vá além. Olhe para a pessoa ao seu lado e veja não apenas ela, mas todo o sistema que a trouxe até você. Honre a sua própria história e a força que recebeu de seus pais.

Perceba a dança do dar e receber no seu dia a dia. Agradeça pelos amores que vieram antes e prepararam o terreno. E, acima de tudo, celebre o amor real: aquele que não é perfeito, mas que é possível, que cresce na consciência, no respeito e na coragem de olhar para o que realmente importa.

Um feliz e sistêmico Dia dos Namorados para todos nós!

Ajudo as pessoas a mudarem suas vidas através de um novo padrão de pensamentos, sentimentos e comportamentos e assim conquistarem o que elas tanto querem.